#saúde
ANVISA LANÇA GUIA DE CONSULTA SOBRE PRODUÇÃO DE VENTILADORES PULMONARES
Agência elaborou um passo a passo simplificado sobre as etapas de desenvolvimento de ventiladores pulmonares, para ampliar a capacidade produtiva.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibilizou para consultas um guia com orientações para o desenvolvimento e a regularização de ventiladores pulmonares. Trata-se de um passo a passo básico e simplificado das etapas de produção de um ventilador pulmonar e as referências técnicas aplicáveis. Os ventiladores mecânicos auxiliam os pulmões do paciente a inspirar e expirar.
A publicação desse documento é uma medida, que se soma à Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 356/2020, que tornou mais ágeis os processos de regularização sanitária de equipamentos médicos.
http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/4340788/Passo+a+Passo+Ventiladores+-+Covid19++v230042020.pdf/f0fe5def-6590-4fd5-9eff-124433cf3c6f
Por pensar junto
miércoles, 13 de mayo de 2020
martes, 12 de mayo de 2020
PRESÍDIOS BRASILEIROS PRODUZEM MAIS DE 1,5 MILHÃO DE MÁSCARAS POR SEMANA
#economia #saúde
PRESÍDIOS BRASILEIROS PRODUZEM MAIS DE 1,5 MILHÃO DE MÁSCARAS POR SEMANA
Além de máscaras, sistema prisional produz garrafas de álcool e itens hospitalares.
O material produzido irá para o próprio sistema penitenciário e demais forças de segurança, hospitais, venda ou doações.
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) atualizou levantamento sobre produção de materiais e insumos de combate à Covid-19 por presos do sistema prisional brasileiro. Segundo informações das Unidades Federativas, o trabalho prisional está produzindo, semanalmente, mais de 1,5 milhão de máscaras. O material produzido irá para o próprio sistema penitenciário e demais forças de segurança, hospitais, venda ou doações.
As máscaras são um importante Equipamento de Proteção Individual (EPI) e possuem sua eficiência em razão de serem uma barreira física. Em publicações, o Ministério da Saúde ressaltou que é um grande aliado no combate à propagação do Coronavírus no Brasil. Os estados que mais produzem máscaras por semana é Santa Catarina, 650 mil unidades, seguido de Distrito Federal, 375 mil e Minas Gerais, 110 mil. Em São Paulo, desde o mês de março há produção nos presídios e já foram confeccionadas mais de 1,6 milhão de máscaras descartáveis.
Além de máscaras, há estados que produzem 49.250 litros/unidades de material de higiene, 11.500 litros/garrafas de álcool em gel ou líquido e 82.110 unidades de uniformes/itens hospitalares entre roupas, lençóis, gorros e propés.
Alguns estados como Piauí, Mato Grosso do Sul, Bahia, Alagoas e Espirito Santo utilizam recursos das oficinas do Programa de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (Procap) para produção desses materiais.
O Procap é voltado para a implementação de oficinas permanentes de trabalho e de cursos de capacitação em estabelecimentos penais de todo o Brasil. Nesse projeto, podem ser oferecidas oficinas como Construção Civil (Artefatos de Concreto e Blocos e Tijolos Ecológico), marcenaria, corte e costura industrial, panificação e confeitaria, manutenção de equipamentos de informática, entre outros.
O Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) produziu uma Nota Técnica com o objetivo de disseminar e fomentar junto aos Estados da Federação o modelo de fundo rotativo como ferramenta estratégica para a geração de vagas de trabalho no sistema prisional.
O trabalho prisional está previsto na Lei de Execução Penal (LEP), na qual discorre, entre outras coisas, que o preso condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório.
https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/05/presidios-brasileiros-produzem-mais-de-1-5-milhao-de-mascaras-por-semana
lunes, 11 de mayo de 2020
DEFLAÇÃO EM ABRIL DE 2020
#dados #economia
DEFLAÇÃO EM ABRIL DE 2020
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril foi de -0,31%
Alimentação e bebidas aumentou em 1,79% com os destaques: cebola (34,83%), batata-inglesa (22,81%), feijão-carioca (17,29%) e leite longa vida (9,59%).
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram deflação em abril e o maior impacto negativo do mês, -0,54 ponto percentual (p.p.), veio do grupo Transportes (-2,66%). A segunda contribuição negativa mais intensa (-0,05 p.p.) veio dos Artigos de residência (-1,37%), cuja queda foi mais intensa que a registrada em março (-1,08%). No lado das altas, destaca-se o grupo Alimentação e bebidas (1,79%), que acelerou em relação a março, com impacto de 0,35 p.p. no IPCA de abril. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,22% em Saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,10% em Vestuário.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC do mês de abril apresentou variação de -0,23%, enquanto em março havia registrado 0,18%. Este é o menor resultado para um mês de abril desde o início do Plano Real. A variação acumulada no ano foi de 0,31% e, nos últimos doze meses, o índice apresentou alta de 2,46%, abaixo dos 3,31% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2019, a taxa foi de 0,60%.
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27615-ipca-foi-de-0-31-em-abril
https://www.ibge.gov.br/indicadores.html
DEFLAÇÃO EM ABRIL DE 2020
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril foi de -0,31%
Alimentação e bebidas aumentou em 1,79% com os destaques: cebola (34,83%), batata-inglesa (22,81%), feijão-carioca (17,29%) e leite longa vida (9,59%).
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram deflação em abril e o maior impacto negativo do mês, -0,54 ponto percentual (p.p.), veio do grupo Transportes (-2,66%). A segunda contribuição negativa mais intensa (-0,05 p.p.) veio dos Artigos de residência (-1,37%), cuja queda foi mais intensa que a registrada em março (-1,08%). No lado das altas, destaca-se o grupo Alimentação e bebidas (1,79%), que acelerou em relação a março, com impacto de 0,35 p.p. no IPCA de abril. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,22% em Saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,10% em Vestuário.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC do mês de abril apresentou variação de -0,23%, enquanto em março havia registrado 0,18%. Este é o menor resultado para um mês de abril desde o início do Plano Real. A variação acumulada no ano foi de 0,31% e, nos últimos doze meses, o índice apresentou alta de 2,46%, abaixo dos 3,31% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2019, a taxa foi de 0,60%.
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27615-ipca-foi-de-0-31-em-abril
https://www.ibge.gov.br/indicadores.html
miércoles, 6 de mayo de 2020
EXPORTAÇÕES DO AGRO CRESCEM 17,5% NOS QUATRO PRIMEIROS MESES DO ANO
#economia #dados
EXPORTAÇÕES DO AGRO CRESCEM 17,5% NOS QUATRO PRIMEIROS MESES DO ANO
As exportações da agropecuária brasileira tiveram um crescimento de 17,5% nos quatro primeiros meses de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da pandemia do novo coronavírus, a participação do agro no total das exportações passou de 18,7% em 2019 para 22,9% em 2020. Houve aumento das exportações para a Ásia, com destaque para a China.
Os dados foram divulgados na segunda-feira (4) pelo Ministério da Economia. De acordo com a pasta, no mês de abril deste ano as exportações brasileiras somaram US$ 18,312 bilhões, e as importações, US$ 11,611 bilhões, com saldo positivo de US$ 6,702 bilhões e corrente de comércio de US$ 29,923 bilhões.
Alguns produtos bateram recordes históricos mensais de exportações em abril, como soja, com 16,3 milhões de toneladas; farelo de soja, com 1,7 milhão de toneladas; carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, com 116 mil toneladas; carne suína, com 63 mil toneladas e algodão bruto, com 91 mil toneladas. Já produtos como trigo, centeio e milho não moído, exceto milho doce, café não torrado, animais vivos, frutas e nozes tiveram queda.
Ásia
As exportações brasileiras (de todos os setores) para a Ásia subiram 15,5% no primeiro quadrimestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2020. O mercado asiático passou a representar 47,2% do total de nossas exportações.
Apesar do impacto da pandemia sobre a economia chinesa, as exportações brasileiras para a China cresceram 11,3% no período, com destaque para a soja (+ 28,5%), carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (+ 85,9%), carne suína fresca, refrigerada ou congelada (+153,5%) e algodão em bruto (+ 79,%).
Os números do primeiro quadrimestre mostram que, em dólares, a China comprou do Brasil o triplo do importado pelos Estados Unidos e o dobro demandado pela União Europeia.
Fonte: Ministério da Economia
sábado, 18 de abril de 2020
População e Miscigenação no Brasil (1994) Clóvis Moura
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<title>População e Miscigenação no Brasil</title>
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<p class="toplink"> <a href="../../../index.htm" name="topp" id="topp">MIA</a> > <a href="../../../biblioteca.htm">Biblioteca</a> > <a href="../../index.htm">Clóvis Moura</a> > <a href="../../../admin/novidades.htm">Novidades</a> </p>
<h1>População e Miscigenação no Brasil</h1>
<h2>Clóvis Moura</h2>
<h3>1994</h3>
<hr />
<span class="info"><strong>Fonte:</strong> <a href="../../../tematica/revistas/principios/index.htm" target="_blank">Revista Princípios</a> nº 80, ago-set/2005, pag: 38-41<br />
<strong>Transcrição e HTML:</strong> <a href="../../../admin/correio.htm" target="_blank" >Fernando A. S. Araújo</a>.<br />
<strong>Direitos de Reprodução: </strong> <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.pt_BR" target="_blank" rel="license"><img src="../../../img/licensa.png" alt="Licença Creative Commons" align="top" style="border-width:0" /></a> licenciado sob uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.pt_BR" target="_blank" class="link_ext" rel="license">Creative Commons</a>.</span>
<hr />
<a href="../../../tematica/revistas/principios/pdf/080.pdf"><img src="../../../tematica/revistas/principios/img/080.jpg" alt="capa" width="133" height="173" hspace="10" vspace="10" align="right" class="bordafototexto" /></a>
<h4>Apresentação </h4>
<p>Os mecanismos de inferiorização étnica criados pelos primeiros colonizadores ainda exercem sua estratégia através de outras formas de controle e sujeição.</p>
<p> <em>Quando Clóvis Moura começou sua pesquisa sobre revoltas escravas na década de 1940, aquelas lutas eram ainda consideradas como um capítulo à margem na história da luta de classes no Brasil e havia ainda um eco, entre analistas sociais, do preconceito que vinha desde o Império e que considerava os africanos escravizados e seus descendentes como estrangeiros em território brasileiro.</em></p>
<p> <em>Um dos aspectos da extensa obra de Clóvis Moura — que se desenvolveu e consolidou ao longo da segunda metade do século XX — foi o esforço de superar aquela visão, combater o racismo e lançar os fundamentos materialistas para a compreensão do povo brasileiro. Seus estudos, cujo marco é</em> Rebeliões da Senzala, <em>de 1959, estão na base de uma compreensão mais avançada de nosso povo. Eles reconhecem o caráter mestiço dos brasileiros, enfatizando a contribuição africana para nossa cultura, nosso modo de ser e principalmente para a formação física</em>, <em>étnica, dos brasileiros </em>— <em>e depois deles não é mais possível desconhecer a linha de continuidade entre o escravo do passado e o operário de hoje, a existência de um fio rubro que marca as lutas que, vindo do passado, persistem na exigência contemporânea de um Brasil justo</em>, <em>democrático e soberano.</em></p>
<p> <em>O texto publicado nesta edição é um exemplo da análise feita por Clóvis da formação dos brasileiros, foi retirado do livro</em> Dialética Radical do Brasil Negro <em>(São Paulo, Anita Garibaldi, 1994). Ele não substitui o estudo dos trabalhos de Clóvis Moura, ao contrário, pretende ser um estímulo a isso.</em></p>
<p class="date"><em>José Carlos Ruy</em></p>
<h4>População e Miscigenação no Brasil</h4>
<p> Vamos agora situar historicamente o problema que decorreu em consequência dessa situação da Metrópole colonizadora e o Brasil e, em seguida, analisar as ideologias de rejeição étnica e social criadas pelo aparelho de dominação aqui implantado, que era uma extensão daquele existente em Portugal. Procuraremos, também, demonstrar como esse aparelho de dominação determinou e influiu poderosamente sobre a situação onde essas populações descendentes desses segmentos étnicos historicamente dominados estão situadas atualmente, imobilizadas ou semi-imobilizadas no sistema sociocultural existente no Brasil.</p>
<p> O problema de uma nação-país ou área que se formou após a expansão do sistema colonial e teve como componente demográfico membros de diversas etnias na composição de sua estrutura sócio-racial — ou seja, da população nativa, da dominadora-colonizadora e daquela compulsoriamente trazida para o trabalho escravo — deve ser estudado levando-se em consideração o sistema de dominação/subordinação que foi estrategicamente montado; os elementos de controle social e de repressão organizados pelo grupo populacional dominante/colonizador como aparelho repressivo/organizador; e a ideologia justificatória que essa estrutura de denominação produziu.</p>
<p> Nos países poliétnicos, formados em consequência dessa expansão do colonialismo, essas populações foram alocadas inicialmente em espaços sociais delimitados rigidamente pelas forças dominadoras que estabeleceram o papel, o <em>status</em> e a função de cada uma no processo de trabalho e o seu nível de valorização social e étnica. Dessa forma, não houve uma distribuição populacional horizontal, igualitária, mas ela foi verticalizada socialmente à medida que as sociedades dominadas pelo colonialismo se diversificavam internamente e ficavam estruturalmente mais complexas. Essa distribuição populacional realizou-se dentro de padrões normativos étnicos impostos pelas metrópoles.</p>
<p> Houve, portanto, uma imbricação entre etnia e <em>status,</em> etnia e valores sociais e etnia e papéis sociais e culturais. Estabeleceram-se critérios que determinaram a posição de cada grupo ou segmento étnico nos diversos níveis de estratificação, com barreiras e fronteiras que impediam o processo de mobilidade social em nível de igualdade de cada etnia dominada em direção ao cume da pirâmide social.</p>
<p> Podemos dizer que, com isto, ficou estabelecido que na sua base estava a população escrava inicialmente das etnias nativas e posteriormente das populações trazidas da África e os seus descendentes. Nas camadas intermediárias as diversas formas de mestiçagem e, finalmente, a população composta dos colonizadores que ocupavam o seu cume.</p>
<p> Em segundo lugar, queremos demonstrar como essas populações etno dominadas iriam praticamente ser imobilizadas e ainda como foram estabelecidos mecanismos imobilizadores e inibidores para essas camadas etnicamente inferiores que, ao mesmo tempo, se multiplicavam via miscigenação. Por outro lado, todo o sistema administrativo, militar e religioso era também estruturado para ser a reprodução daqueles valores de dominação étnica que a cada grupo miscigenado era concedido pelo colonizador.</p>
<p> Contudo, a miscigenação (fato biológico) não criou uma democracia racial (falo sociopolítico). Ela estava subordinada a mecanismos sociais de dominação, estruturas e técnicas de barragem e sanções religiosas e ideológicas. Esse conjunto de elementos e estratégias inibidoras determinava o imobilismo ou semimobilismo social, cultural e político das vastas camadas, isto porque os espaços sociais que davam <em>status</em> econômicos ou de prestígio social ou cultural lhes eram vedados, pois esses mecanismos de seleção étnica compulsórios reproduziam os níveis de poder econômico, social e cultural das estruturas de poder dominadoras que representavam os interesses da classe senhorial local e da Corte e o poder do Estado português.</p>
<p> No Brasil historicamente podemos dizer que a população do colonizador, ou seja, portuguesa, foi sempre até o século XIX menor do que as etnias dominadas (índias e africanas e seus descendentes) e, em consequência, o aparelho de dominação quer militar, quer ideológico teria de ser violento, porque era uma simples continuação do aparelho do Estado português. O Brasil não possuía Estado próximo. Isso, portanto, fazia pane da mecânica defensiva do sistema colonial escravista, dirigido, em última instância, pelo Estado de Portugal. Por isso mesmo, essa minoria conseguia dominar. Quanto à população portuguesa inicial e o seu desdobramento demográfico posterior, escreve Artur Ramos: </p>
<p class="quote3">"Na sua viagem ao Brasil Spix e Martius conseguiram que antes da chegada do rei, a população do Rio de Janeiro podia ser calculada em 50.000 almas, sendo o número de habitantes de cor superior à dos brancos. De 1808 a 1817 vieram da Europa 24.000 portugueses, além de bom número de franceses, suecos, alemães e italianos, aqui estabelecido depois da abertura dos portos, como negociantes, técnicos e artesões ou simples operários. A população total do país podia ser calculada em mais de quatro milhões de habitantes pelas alturas de 1819".</p>
<p> Esse fluxo lusitano que representava a estrutura de poder dominante inicial — ainda segundo Artur Ramos — sempre em minoria étnica, detinha, no entanto, o controle sobre a população poliétnica numericamente superior. De acordo com ele, "segundo dados do Departamento Nacional de Imigração, de 1884 a 1944 apenas 1.227.304 indivíduos de nacionalidade portuguesa entraram no Brasil".</p>
<p> A população branca inicial — minoritária em relação ao contingente demográfico de índios, negros e mestiços, conforme veremos depois, mais politicamente dominante — é que se miscigenará com essas etnias não-brancas, majoritárias mas dominadas. O seu status de dominação quer no setor administrativo, que representava o poder da Metrópole dominadora, quer no militar e econômico, patrimonial ou social, constituía a estrutura de poder. Essa estrutura exerceu os mecanismos de dominação selecionadores, criou barreiras de dominação étnica, estabeleceu as formas de julgamento de brancos e não brancos, de homens livres e escravos, conseguiu evitar que existisse qualquer forma significativa de ascensão dos escravos (índio e negros) que não fosse extralegal, através das guerras dos índios contra os invasores e dos quilombos negros, insurreições e guerrilhas por parte destes últimos. As alforrias não chegavam a compor uma variável ponderável nesse contexto. Por outro lado, a Metrópole privilegiou os dominadores via estratégia de concessão de terras. Até hoje, através dessa estratégia do monopólio inicial da terra e de poder os descendentes das suas linhagens não sofrem nenhum processo significativo e desarticulador, nenhum processo de compreensão jurídica, social e cultural capaz de desarticulá-los estruturalmente de modo substancial, permanecendo quase todos com patrimônio e status quase inalteráveis no polo dominador".</p>
<p> Quanto ao índio, particularmente, o primitivo habitante, a sua trajetória é bem diferente do grupo português que chegou como dominador. Se fizemos uma estimativa de 4 milhões de índios na descoberta — há quem estime em muito mais — o processo foi o inverso. Segundo Darcy Ribeiro, depois da fase genocídica da ocupação, de 1900 até 1957 extinguiram-se 87 grupos tribais como comunidades étnicas. Mais de 30% das tribos desaparecidas pertencem a zonas que foram conquistadas pela economia pastoril e 45% pela economia extrativa (grupos caucheiros, seringueiros, castanheiros e outros coletores de produtos florestais).</p>
<p> Atualmente esse extermínio prossegue através de grupos de garimpeiros representantes de empresas transnacionais. Os índios destribalizados que se incorporaram aos camponeses pobres também são perseguidos, expulsos das terras ou assinados.</p>
<p> A partir da época assinalada por Darcy Ribeiro uma política <em><strong>desenvolvimentista</strong></em> e de <em><strong>modernidade</strong></em> fez com que as coisas se agravassem ainda mais. As fronteiras avançam, vão ocupando terras indígenas, assassinando caciques e procurando, muitas vezes, incluir os índios em projetos econômicos predatórios e antiecológicos que objetivam extrair as riquezas do subsolo daquelas terras.</p>
<p> Sobre essa situação escreve Dalmo de Abreu Dallari: </p>
<p class="quote3">"A invasão de terras indígenas e a passividade do órgão governamental de proteção ao índio estão ligadas à visão desenvolvimentista, que não dá qualquer valor à pessoa humana, não leva em conta que os índios têm direitos de cidadãos e jamais admitiu a hipótese de fazer o desenvolvimento econômico com o índio e não contra o índio.</p>
<p class="quote3">Os invasores de terras são, às vezes, meros aventureiros audaciosos que pretendem obter riqueza rápida de qualquer modo. Outras vezes são empresas de aparência respeitável, com amplos recursos técnicos e cálculos muito precisos quanto ao proveito econômico que poderiam tirar do solo ou do subsolo da terra dos indígenas. Mas em todos os casos a invasão é estimulada pela quase certeza, baseada na experiência, de que não haverá grandes obstáculos, pois o índio não dispõe de recursos para agir sozinho e a Funai tem autonomia limitada, estando limitada aos objetivos do governo".</p>
<p> A essa expansão civilizadora, para Darcy Ribeiro,</p>
<p class="quote3"> "três são as reações possíveis dos indígenas. A fuga para territórios ermos, com o que apenas adiam o enfrentamento. A reação hostil aos invasores, que transtorna toda a vida tribal pela imposição de um estado de guerra permanente em que o funcionamento de muitas instituições se toma inviável e outras têm de ser dramaticamente redefinidas. A saída final é a aceitação do convívio porque este representa efetivamente, uma fatalidade inelutável. Nela cairá necessariamente cada tribo, seja ao fim de longos períodos de fuga ou de prolongada resistência afinal tomada impraticável, assente na esperança de controlar a situação".</p>
<p> Sem querermos fazer uma análise estrutural e dinâmica do assunto, desejamos destacar como, hoje, os mecanismos de inferiorização étnica criados pelos primeiros colonizadores ainda exercem a sua estratégia através de outras formas de controle e sujeição capazes de manter a população indígena lesada e inferiorizada. Com isto, aquilo que se chamou <em><strong>processo civilizatório e que antes se chamava catequese e evangelização</strong></em> dos povos pagãos manteve os remanescentes das antigas populações indígenas reduzidos a apenas 185 mil (1982), marginalizados e subalternados.</p>
<p> Queremos salientar, porém, que as tribos sobreviventes estão, no momento, reavivando a sua identidade étnica, fato que determina um nível de consciência dos seus direitos etnopolíticos bem mais dinâmicos e abrangentes. Contudo, esse renascimento da consciência será combatido e possivelmente neutralizado por estratégias de controle das atuais estruturas de poder e oligarquias territoriais. A chacina ocorrida em 28 de março de 1988 de 14 índios em Ticuna, no Igarapé Capacete, através de uma ação organizada pelo madeireiro Oscar Castelo Branco, mostra como a estratégia genocídica do tempo do descobrimento, embora <em><strong>modernizada</strong></em> continua no seu dinamismo. A Funai, ao invés de tomar medidas de proteção e punição, demitiu os professores índios que denunciaram a chacina. Em agosto de 1988 os criminosos foram postos em liberdade por sentença do tribunal de Recursos.</p>
<p class="link"><a href="#topp" >Início da página</a></p>
<hr />
<table border="1" align="right" summary="datas de inclusão e alteração">
<tr>
<td class="tabela_datas">Inclusão</td>
<td class="tabela_datas">27/10/2016</td>
</tr>
</table>
</body>
</html>
lunes, 9 de marzo de 2020
MULTAS AMBIENTAIS CAEM 34% PARA MENOR NÍVEL EM 24 ANOS
#ambiente #governo
MULTAS AMBIENTAIS CAEM 34% PARA MENOR NÍVEL EM 24 ANOS
O
número de multas por infração ambiental aplicadas pelo Ibama no país
recuou 34% em 2019, 1º ano do governo Bolsonaro, na comparação com 2018.
A perspectiva é que o número de multas aplicadas continue caindo.
Em
abril de 2019, Bolsonaro editou um decreto que cria uma câmara de
conciliação ambiental com poderes para analisar, reduzir o valor e até
anular multas aplicadas pelo Ibama.
No Ibama, quatro superintendências ainda estão sem chefe
Em
fevereiro, um mês depois de assumir o cargo, Salles exonerou 21 dos 27
gestores, a maior exoneração coletiva no órgão em 30 anos. Seis meses
depois, 19 postos continuavam sem comando
A
antipatia de Bolsonaro por multas ambientais e pelo Ibama vem desde,
pelo menos, 2012, quando o então deputado federal, foi multado após ser
flagrado pescando ilegalmente em Angra dos Reis (RJ)
A autuação foi anulada pelo Ibama em dezembro de 2018, logo após Bolsonaro ser eleito presidente
A finalidade da multa não é recolher dinheiro —20% do valor vai para o
Fundo Nacional do Meio Ambiente e o restante para a União—, diz Suely
Araújo, ex-presidente do Ibama
viernes, 6 de marzo de 2020
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